Palácio do Hidalcão!
Vazio de corpos e almas,
Os Vice-Reis já lá não estão.
Foram levados nos caixilhos dourados,
Foram dispersos nas telas restauradas,
Foram banidos, sem gala, da sala de recepção!
Palácio do Hidalcão!
As tábuas de sândalo chorarão monções
Nos maviosos móveis criminosos
Daqueles que as arrancaram,
As roubaram por despojos
Das suas ocultas ambições.
Palácio do Hidalcão!
Vazio, lúgubre e sombrio,
Testemunha de sofrimentos, choros e suores,
Talvez um dia longe, muito longe,
A luz do sol doire as entradas pobres
Por onde entrarão os teus senhores,
Palácio do Hidalcão!
Agora… o tempo que faz é outro,
E outra a vida diferente.
Fantasmas escorrem de tuas paredes
Pedindo aos céus, aos oceanos, às gaivotas,
Que levem saudades de outros tempos,
De outros senhores capitães-generais,
De outra gente…
Palácio do Hidalcão!
Chaga rasgada ao pé do coração!
Fonte: Livro "Não Posso Dizer Adeus Às Armas" de Amândio César, Págs. 81 e 82
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