terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pátria

Irmão Negro!
Tu tens braços longos como a noite,
e vens na voz das casuarinas
batidas pelo vento,
beijar as bandeiras erguidas
sobre o teu sofrimento...
Tu que sais agora das cavernas
do medo e da escuridão,
para entoar ao sol escaldante
o canto da tua libertação
Que sulcas com rios de esperança
a vida morta do meu país,...
que fecundas com sangue e suor de esperança
a vida morna do meu país,...
Tu— Irmão Negro— Homem da Terra!
junta a tua voz à minha voz,
e sob a agonia quente deste céu,
vem dizer também,
que a Pátria não morreu.
Vem dizer
que para além
de tudo o que é passado e porvir,
a Pátria das palmeiras e dos dongos ficará...
p’ra sempre ficará brilhando,
sobre a campa dos Homens que se foram
e sobre o berço dos Homens que hão-de vir…

Alda Lara, In Poemas, Porto, Vertente, 1984 (4ª ed.)

1 comentário:

Kalaari disse...

Mais um poema maravilhoso da minha poeta de eleição, minha irmã, que tanta saudade me deixou e minha amiga que foi, que é e que será porque está sempre presente em cada verso que escrevo.
Mil agradecimentos por mais este belo trabalho.

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