quarta-feira, 29 de junho de 2011

As visitas ao Sentires Sentidos por mês de Mai2009 a 28Jun2011


Clique na imagem para a ampliar

Nota: O gráfico desenha o número de visitas realizadas ao Sentires Sentidos por mês desde Mai2009 a 28Jun2011. Abaixo indico alguns dados numéricos referentes a dois meses:

Jul2010         -  3036
1-28Jun2011 -  3281

Os países que mais visitaram o Sentires Sentidos foram o Brasil, seguido de Portugal Continental. Em menor número o Sentires Sentidos recebeu as visitas dos Estados Unidos da América, Angola, Rússia...
Rui Moio
Fonte: estatisticas do Blogger.com

terça-feira, 28 de junho de 2011

As visitas do mundo ao Sentires Sentidos - De 28Mai2008 a 27Jun2011


Clique na imagem para a ampliar

Nota: Neste gráfico mostram-se os países de todo o mundo que visitaram o Sentires Sentidos de 28Mai2008 a 27Jun2011. A mancha verde cobre quase todo o planisfério. Todas as parcelas do mundo lusófono já o visitaram.
Rui Moio

Fonte: Google Analitycs

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Balanço

Contei meus anos
e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente
do que já vivi até agora.


Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas
percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
que nem fazem parte da minha.


Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo
majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...


Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços,
não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade.


Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial (...)

Fonte. Blogue "A Lua some e o Sol volta novamente" - post de 24Jan2011

domingo, 26 de junho de 2011

O Banquete

Pela manhã sem dores
Nem afazeres de urgência
Tenho um mata-bicho de garfo.
Um ovo estrelado
Embebido em açucar e azeite
Pão quentinho, tiborna
Torradinhas pequeninas ou de pão de forma
Queijinho da serra
Manteiga com sal
Leite creme com chocolate
Chouriço quente acabadinho de assar
Chouriço negro, broa de milho
Queijinho fresco às fatias
Com pimenta e sal refinado
Uma gemada
Com muito açúcar
Linguiça assada e quentinha.
Numa tacinha
Salgadinhos de ginguba e castanha assada.


Ao almoço com a barriga vazia
Sai um caldo verde
Com um fio de azeite e rodelas de chouriço.
Segue-se um bife com todos
Batatinhas quentes, arroz, fiambre
Molho de tomate
Ou à Portugália
Um pires com polvo em molho de vinagrete
Ou camarão descascado em molho de tomate
Entradas em toda a parte
Ovos cozidos com pimenta
Pastelinhos de nata com canela
Pedacinhos de omeleta em palito
Azeitonas verdes de cortar à faca
Pistachos, Ginguba e caju
Regado com vinho de várias marcas
Verde e fresquinho.


À sobremesa
Um pudim de leite
Mousse de chocolate, brigadeiros
Leite creme com farófias
Papas de milho
Café quentinho com um cheirinho
E Tudo ao som de marchas
Que fazem saltar as emoções
E ficar com pele de galinha.

Rui Moio, 18 de Abril, às 17h30 na cervejaria Aguiar & Almeida

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Onde está DEUS?


Passavam carregados os camiões
Levavam carga pesada
Emparedada em grades.
Rangeres de carroçaria denunciavam
Na noite escura
Que a carga se movimentava.

Que carga era? perguntava.

Aproximei-me,

Eram animais brancos,
Bois ou porcos,
Não sei.
Na carroçaria de dois andares
Apertados, lado a lado,
De traseiras para fora,
Escondiam-se os olhos da estrada.

No andar superior,
Uns olhos
Acompanhavam-me tristes,
Talvez a suplicar
Um carinho, um milagre,
Ou então…
Já sabidos do destino
Perguntavam-me,
Onde está DEUS?

E eu, negro,
Relembrei com amargura
O meu viver de séculos.
Era assim no barco negreiro.

Eles não comem o pó da estrada
e eu não conheci o sabor do sal do mar.

Nessa altura
Com olhos mudos e tristes
Eu perguntava
A padres
e a meninas de bem,
Onde está DEUS?

Tal como estes
que agora são transportados
também fomos levados
sem alma
medidos pela carcaça
por partes ou por inteiro.

Rui Moio entre as 24h00 e a 1h00 da madrugada de 22Agosto de 2007

El-Rei D. Sebastião

Jovem e belo
Com o seu séquito luzidio
Veio a mim
Em seu cavalo branco
El-Rei D. Sebastião


Visitou-me como súbdito
Entrou no meu cantinho
Sentou-se diante de mim
E perguntou:
Como vai Portugal?


Eu não contava
Que El-Rei me falasse assim.


Refeito do choque
Aquietado pela serena quietude
Deste Rei-Deus
Balbuciei palavras sem nexo
Pensando que ele não soubesse
Como vai o nosso País.
Mas, El-Rei serenou-me:


- Eu vim aqui dizer-te
Que não te amoles
Se puderes alerta o nosso povo
De que eu ainda não morri.


Lembra-lhes a nossa História
Fala-lhes de Alcácer-Quibir
E tenham fé, tenham esperança
Porque quando o tempo chegar
Eu vou estar convosco, aí.


Rui Moio – 24Jan2008. Elaborado pelas 20h00 no café Skipper, em Odivelas.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Esta tábua velha...

Esta tábua velha…
É dum vermelho vivo
Pela primeira vez pintada à pistola
Com a cor do sangue da bandeira
E do vigor da resistência

Veio de África
Por sorte não ficou na estrada
Subiu ao convés do último navio

Não é de madeira tropical
É de tábuas e aglomerado
Foi embrulho dos restos de três gerações
De militares e governadores

Saiu-se bem
Não se esfrangalhou
No embrulho pregado à pressa
E não se estragou das chuvas de dois invernos
Foi bancada
Nela mediram-se resistências e tensões

Em África e no exílio
Mostrou força e engenho
Agora o resto da tábua
Que tanta História tem
Vai ser prateleira e estante
De recortes de notícias
Com três e 4 décadas de passado
Desde o tempo
Que de repente
Serviu de tábua de salvação
Dos restos de três gerações

Nota: Poema elaborado pelas 18h45 de 02 de Junho de 2008 no café Latina Real, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

BALANÇO

via Africandar by Leston Bandeira on 11/17/10

Encalho nas palavras,
engadanham-se-me as mãos,
tropeço nas ideias.
Sinto à minha volta o vazio:
Um sopro de vento mais forte ou um simples gesto
Limpou tudo.
O frenesim continua na memória,
Apenas!
Projectos e ideias,
A luz com que enchia as casas e as cabeças dos amigos.
Hoje é o desespero da desesperança
Do dia de amanhã.
A fatalidade de viver onde não conheço ninguém e só identifico algumas árvores.
As pessoas da minha vida
Estão nos caminhos e nos desvios
Percorridos em anos atrás de anos,
Contados como dias ou horas.
Nunca evitei uns e outros.
A memória viva de mim próprio é clara:
Eu, a crescer, a envelhecer.
E os outrros
As imagens deles, vividas em mim e comigo,
A povoarem os meus dias,
Mesmo os ausentes e os fugitivos
Num balanço de uma vida desaparecida
Pela que quero continuar a estar,sendo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Soneto a São José

via BATUQUES DO NEGAGE by rotivsaile on 3/18/11
SONETO A SÃO JOSÉ
*
Vivendo com Jesus e com Maria,
José ensina-nos a viver bem...
...vivamos, dia a dia, nós também
em tão feliz e doce companhia
.
O plano do Senhor, ele o aceitou
com muita fé e plena liberdade.
E sempre, com Deus Pai, colaborou
fazendo, com amor, Sua vontade.
.
Trabalhou pelo pão de cada dia
e, na mais amorosa doação,
serviu Jesus e a Mãe, Virgem Maria
.
São José foi na terra um peregrino
caminhando, em silêncio e oração,
na presença de Deus, feito Menino.

Chipala

Tinha face,
Havia cabelos, olhos em perfil
Nariz, boca.
Era uma presença.
Pensei que fosse para sempre
Que estava ali,
E eu, descuidado, não guardei.


Um dia
A chipala foi-se
Desapareceu
Deixámos de a ver.
Sei, sabemos que está lá.
Ficou a presença
Na forma de um girassol.


Irremediavelmente
E para sempre
Eu,
Nós todos,
Perdemos a chipala
Já não a vemos mais.


OBS: Chipala significa cara ou face em língua Nhanheca (sul de Angola). 

Rui Moio, poema elaborado mentalmente nos dias 4 e 5 de Fevereiro de 2010.

Related Posts with Thumbnails