segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ao Tempo


Heródoto contava a história,
mas nós contamos memória
entre os pontos e os is
daquilo que Deus nos quis.

É o que vale. Senão
amortecia no chão
o diadema do dia
(o que bem apetecia).

Por isso nos ocupamos
em tiritar pelos anos
o frio que vem das horas
no degelo das demoras.

Oh, que tragada perdida
esta de nós pela vida,
mesmo apesar de polícias
e Diário de Notícias.

Senhorio, mas de partes,
artistas, de malas-artes
e capados; nossa sina
parou no Alto de Pina.

Isto é que se nos dá,
e andamos ao deus-dará
por muito que não queiramos.
Isto é: agradeçamos

E metamos por aí,
por entre o ponto e o i.

Nota: Este poema foi escrito e publicado em 1962, e dedicado a António Alçada Baptista.
Pedro Tamen, Poemas a isto, Moraes ed., Lisboa, 1962, p.189.

Fonte: Blogue "Caminhos da memória" - post de 30Jun2008

sexta-feira, 27 de junho de 2008

VEJECES

Las cosas viejas, tristes, desteñidas,
sin voz y sin color, saben secretos
de las épocas muertas, de las vidas
que ya nadie conserva en la memoria,
y a veces a los hombres, cuando inquietos
las miran y las palpan, con extrañas
voces de agonizante dicen, paso,
casi al oído, alguna rara historia
que tiene oscuridad de telarañas,
són de laúd, y suavidad de raso.

¡Colores de anticuada miniatura,
hoy, de algún mueble en el cajón, dormida;
cincelado puñal; carta borrosa,
tabla en que se deshace la pintura
por el tiempo y el polvo ennegrecida;
histórico blasón, donde se pierde
la divisa latina, presuntuosa,
medio borrada por el liquen verde;
misales de las viejas sacristías;
de otros siglos fantásticos espejos
que en el azogue de las lunas frías
guardáis de lo pasado los reflejos;
arca, en un tiempo de ducados llena,
crucifijo que tanto moribundo,
humedeció con lágrimas de pena
y besó con amor grave y profundo;
negro sillón de Córdoba; alacena
que guardaba un tesoro peregrino
y donde anida la polilla sola;
sortija que adornaste el dedo fino
de algún hidalgo de espadín y gola;
mayúsculas del viejo pergamino;
batista tenue que a vainilla hueles;
seda que te deshaces en la trama
confusa de los ricos brocateles;
arpa olvidada que al sonar, te quejas;
barrotes que formáis un monograma
incomprensible en las antiguas rejas,
el vulgo os huye, el soñador os ama
y en vuestra muda sociedad reclama
las confidencias de las cosas viejas!
El pasado perfuma los ensueños
con esencias fantásticas y añejas
y nos lleva a lugares halagüeños
en épocas distantes y mejores,
por eso a los poetas soñadores,
les son dulces, gratísimas y caras,
las crónicas, historias y consejas,
las formas, los estilos, los colores
las sugestiones místicas y raras
y los perfumes de las cosas viejas!

Fonte: Blogue Poemas del Alma - post de em 27/06/08

Quadras de Eduardo Manuel Simas

É escrito com sangue e dor
Aquilo que vou falar
E com o maior fervor
Agora vou começar.

Com licença, meus senhores,
Minha história eu vou contar,
Quando eu saí dos Açores
Para ir pr’ó Ultramar.

Quando à Terceira cheguei
E segui para o quartel,
Logo em mim recordei
A ilha de São Miguel.

Sentia uma coisa estranha
Sem saber compreender,
Coisa esquisita e tamanha,
Difícil de entender.

O tempo se foi passando,
Dias bem, dias mal,
E fomos continuando,
Soldados de Portugal.

Passados dois meses,
Lá fomos jurar bandeira.
Sofremos, mas às vezes
Parecia uma brincadeira.

Quando um dia na parada,
À noite, a silêncio tocou,
Veio a notícia desamparada
Que o comandante contou.

Com umas folhas na mão,
Más notícias veio dar
O nosso capitão:
- Vão para o Ultramar.

Dez dias mais
E fui a São Miguel,
Despedir-me de meus pais,
Eu, Eduardo Manuel.

Ó meu Deus, eu vou partir
Sem saber se isto é justo,
Qual o dia em que hei-de vir,
Vou viver com tanto custo.

Quanto à nossa viagem
Melhor não podia ser,
Com espanto e coragem
Vendo o que tinha que ver.

Corrido cerca de um mês
Partimos para o mato,
Lá fomos para o Cantanhez
Onde não parava um rato.

Na LDG embarquei
E belezas eu não vi,
Aquilo em que eu pensei
Foi na terra onde nasci.

Os dias se vão passando
Dão vontade de chorar,
As horas vou recordando
Passo a vida a disfarçar.

Na primeira operação
Que nós fomos fazer,
Deu-me um baque o coração,
O que veio a acontecer.

Quando os homens voltaram,
Três grupos da operação,
Logo as minas rebentaram,
Meu Deus, grande traição.

Passou palavra o primeiro,
Diz-me lá o que é que queres,
Vai chamar o enfermeiro
Pr’a vir tratar os alferes.

Ó meu Deus, o que seria,
Quem serão os desgraçados?
Foram para a enfermaria
Três alferes estilhaçados.

Lá ficaram mutilados
Os infelizes sem sorte,
Turras serão apanhados
E todos irão à morte.

Que tristeza e amargura
Tanta vez aconteceu,
Morrer uma criatura
P’las mão de um irmão seu.

Meus versos não levam cunho
Do que eu amo ou adoro,
Eles são o testemunho
Do que canto, do que choro.

Assim se passa esta vida,
Horas tristes a chorar,
Se a dor fosse esquecida
Eu poderia cantar.

Sofrer vinte e quatro meses,
Um soldado nada tem,
Agonias, tantas vezes,
Só Deus sabe, mais ninguém.

Eu sei que estes versos são
Uma coisa escrita ao leve,
São pobres, sem perfeição,
Como a pena que os escreve.

Estive quase a dar um tiro,
Primeiro dia de Agosto,
Ó que noite de martírio,
Passei a noite no posto.

Meus olhos no firmamento
Horas e horas, ou mais,
Vieram-me ao pensamento
Os meus queridos pais.

No dia 9 de Agosto
Fomos pró mato arreados,
Vamos voltar com o gosto
De não sermos apanhados.

À saída do quartel
Eu pensei na minha cama
E pensando em São Miguel
Caí enterrado em lama.

Que será preciso mais,
Estamos aqui como uns parvos,
Tiram-se os filhos aos pais
E fazem deles escravos.

Quando a manhã nasceu,
Cercámos o inimigo,
Foi a Fé que me valeu
Porque Deus vinha comigo.

Lá por fora o dia inteiro,
Sem qualquer resultado,
Perdidos num cativeiro
Entre capim alteado.

Ao quartel quando chegámos
Sem forças e cheios de fome,
Quase não falámos,
Fogo dentro nos consome.

Querem homens para a guerra,
A padecer fel e dores,
Queremos sair desta terra,
Queremos ir para os Açores.

Dia 7 de Setembro
Saímos ao anoitecer,
Eu não quero que me lembre
Tantos homens a sofrer.

Era tanta a nossa mágoa
E com tantos embaraços
Apanhámos forte água
Que pareciam estilhaços.

A 23 de Dezembro,
Ó mãezinha muito querida,
Eu nem quero que me lembro
Parecia o fim da vida.

À noite dois pelotões
Saíram todos armados
E com nove foguetões
Lá fomos nós atacados.

O fogo acabou
Sem nos causar mal,
Nossa Senhora salvou
Os soldados de Portugal.

Isto foi acontecido,
Queiram todos acreditar,
Quanto se tem sofrido
Nesta vida militar.

Que vida tão rigorosa
Que até nos faz pasmar,
Que vida tão perigosa,
Soldados do Ultramar.

Assim fui tendo Fé,
Pedindo a Deus que me ajude
Pr’a que ao sair da Guiné
Leve a vida e a saúde.

Nota: Eduardo Manuel Simas, um poeta popular açoriano
"Cufar, 3 de Novembro de 1974

Entre os soldados açorianos meus vizinhos, o Eduardo Manuel Simas é poeta. Descobrimos afinidades e o rapaz veio mostrar-me uns versos da sua autoria, bem melhores do que os meus. Como acha que eu sou mais entendido nas coisas da arte poética, pediu-me que lhe corrigisse os erros do português e melhorasse as quadras. "
Luís Graça

Fonte: Blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné" - post de 26Jun2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Se penso mais que um momento

Se penso mais que um momento
Na vida que eis a passar,
Sou para o meu pensamento
Um cadáver a esperar.

Dentro em breve (poucos anos
É quanto vive quem vive),
Eu, anseios e enganos,
Eu, quanto tive ou não tive,

Deixarei de ser visível
Na terra onde dá o Sol,
E, ou desfeito e insensível,
Ou ébrio de outro arrebol,

Terei perdido, suponho,
O contacto quente e humano
Com a terra, com o sonho,
Com mês a mês e ano a ano.

Por mais que o Sol doire a face
Dos dias, o espaço mudo
Lambra-nos que isso é disfarce
E que é a noite que é tudo.



Fonte: Blogue: "Nova Águia" - post de 22Jun2008

domingo, 22 de junho de 2008

Somos um país pequeno e pobre e que não tem

Somos um país pequeno e pobre e que não tem
senão o mar
muito passado e muita História e cada vez menos
memória
país que já não sabe quem é quem
país de tantos tão pequenos
país a passar
para o outro lado de si mesmo e para a margem
onde já não quer chegar.
País de muito mar
e pouca viagem.

sábado, 21 de junho de 2008

QUE TEM GOA, QUE MAGOA

Que tem Goa, que magoa
meu coração português?...
(– Índia sonhada em Lisboa,
diz-me segredos de Goa,
diz-mos baixinho de vez...)

Que tem Goa, que destoa
do mundo que à volta sei?...
(– Índia das noites à toa,
canta-me a voz do Pessoa,
conta-me a volta do Rei...)

Que tem Goa, qu'inda ecoa
nas águas mortas do mar?
(– Índia, vem... moro em Lisboa...
deixei meus barcos em Goa,
preciso de navegar...)

Casimiro Ceivães (1912-1931)
Fonte: Blogue "Nova Águia" - post de 20Jun2008

MARINHEIRO DO MAR MORTO

– Marinheiro do mar morto,
porque andas a navegar?
– Nasci num barco sem porto,
quero só morrer no mar.

– Marinheiro do mar alto,
fazes-me falta no mar...
– Já não sou eu que te falto,
falta-te só embarcar.

– Marinheiro do mar fundo,
ensina-me a ser assim...
– Quando a morte for teu mundo
é que hás-de chegar a mim.

Casimiro Ceivães (1912-1931)
Fonte: Blogue "Nova Águia" - post de 20Jun2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Os Lusíadas - última estrofe

Stefan Sweig e a sua segunda esposa suicidam-se a 22Few1942 em Petrópolis

No mar, tanta tormenta e tanto dano,
tantas vezes a morte apercebida;
Na Terra tanta guerra, tanto engano,
tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano?
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho-da-terra tão pequeno?

Nota: os quatro últimos versos - em caligrafia gótica e emoldurados – estavam pendurados na parede do quarto de dormir de Stefan Zweig na sua casa de Petrópolis).
Rui Moio

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Angola

Não nasci do teu ventre
mas amei-te em cada Primavera
Com a exuberância de semente...

Não nasci do teu ventre
mas foi em ti que sepultei
as minhas saudades
e sofri as tempestades
de flor transplantada
prematuramente...

Não nasci do teu ventre
mas bebi o teu sortilégio
em noites de poesia
transparente...

Não nasci do teu ventre
mas foi á tua sombra
que fecundei rebentos novos
e abri os braços
para um destino transcendente...

Angola,
não serás a terra do meu berço
mas és a terra do meu ventre!

Fonte: Blogue "O Lupango da Jinha" - post de 09Mai2008

sábado, 14 de junho de 2008

Avenida Conde de Valbom

Pedras lavadas
Carros arrumados
Árvores verdes, crescidas
Pássaros, sombras, asseio
Ordem e vagares
Toldos, esplanadas
Pessoas calmas, asseadas
Melodias sem ruído
Prédios altos, arcadas
Canteiros
Cheiros a água fresca
Um cantar de passarinhos
Um miar, um latido
Um convite à soneca
Uma vontade de criar
É raro e é bonito
E nós não estamos habituados.

Rui Moio, 12 de Junho de 2008. Poema concebido e redigido cerca das 15h30 no café "A Presidente" na Avenida Conde Valbom diante da Galeria Valbom onde se expunham quadros de Malangatana.

Lagoa de Cápua

No silêncio do sertão
No seguro da mutala
Sobre a mulemba mais alta
Escuto a solidão

Não passam carros na picada
Oiço as melodias
Os muitos roncos do leão
As passadas do nunce, do songue,
da Gunga, da cobra e do camaleão
Com binóculos vasculho
A Lagoa de Cápua
Onde nas margens se espraiam
Horrendos dinossauros
Na preguiça e na espera
Dum doente, dum fraco, dum velho...

No alto da mutala
Só há mato e eu
Observo e escuto
O silêncio tenebroso do sertão
Aqui não sou doente, nem fraco, nem velho

A coberto do mato
Protejo-me dos males do sertão
Estou bem
Não estou a mais
Na Lagoa de Cápua

Naqueles dias
E naquelas noites
No alto da mutala
Fui quase Deus.

Rui Moio, 06Jan2008

Os últimos soldados negros de Portugal

Apinhados
Em Berliets do Tramagal
Seguiam como contratados
Os últimos soldados negros de Portugal

Nas terras, em segurança
Á sombra da bandeira de todos
Ficavam as mulheres e as crianças

De camuflado
Granadas à cintura
G3 na mão
Seguiam humildes e contentes
Os últimos soldados negros da Nação

e regressavam, em glória
Humildes como sempre
mas cheios de vitória

e todos não sabiam
e nós todos não sabíamos
Que no puto
Se preparava a traição

Foram enganados
Os últimos soldados negros da Nação

Muitos juncaram os chãos das batalhas
Outros, varridos pelo vendaval da revolução
Foram esquecidos e abandonados
Nos campos de reeducação

Das bases do Rundum
Quase sós mas sempre altaneiros
Continuaram o combate
Com outras armas na mão
A servirem e a morrerem
Pela mesma e ingrata nação.

Rui Moio - 12Set06

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Teus olhos entristecem

Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem…
Nao me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez…
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que es.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.

Começas um sorriso.

Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estas a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inutil.

Fernando Pessoa - Cancioneiro

Fonte: Blogue "31 da Armada" - post de 13Jun2008

Pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio

nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os
olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com

fome
porque assim como assim ainda há muita gente
que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de
muita gente:

Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo

à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta

ter lavados e muitos dentes brancos à mostra.


Nobilíssima Visão (1945-1946),
in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)

Fonte: Blogue Rosamármote - post de 13Jun2008

Caeiro

Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que longe e antes disso há absolutamente nada
Creio que o tempo tem um principio e tem um fim
E que antes e depois disto, não havia tempo.
Porque há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubessemos o que são e os pudessemos entender
Não: tudo é uma quantidade de coisas
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são coisas.
(proposta de leitura, não autorizada nem concertada com ninguém, apenas uma possivel)
- todas são boas e verdadeiras. O poeta é maior.
Fonte: Papiro. Post de 13Jun2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

FADO...

via NOVA ÁGUIA de David Nunes em 12/06/08
Silêncio, que Eu vou falar
Sou um povo numa só voz
Que muitos tentaram calar

Canto a saudade e a alma
Que só este povo escuta
Como quem mira uma puta

Chamaram-me Amália
Cuja voz está silenciada
Mas em vida apreciada

Tu, que me escutas agora
E choras a tua dor
Acorda, pois está na hora

Solta o teu grito de raiva
Cumpre a tua sorte
E ouve esta dádiva

Silêncio, que se vai cantar o fado...

AMADEUS

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ao Combatente do Ultramar Português

(Carta aberta ao Combatente do Ultramar Português)

Digníssimo e Nobre Combatente:

Tu que te bateste tenazmente
P´la unidade sacrossanta da Nação,
Cumprindo o teu dever estoicamente
Com acrisolado fervor e devoção,
Tu qu´és dum Nobre Povo descendente
Donde a heroicidade te advém,
Espelhas honradez e integridade,
Que herdaste de teu Pai e tua Mãe.
São para ti, todas as honras e louvores,
Junto ao teu monumento, de mil flores,
Paredes meias com a Torre de Belém.

Mas se o infortúnio glorioso te tocou,
E no mármore frio lá apostado,
O teu nome a letras de ouro ali gravou,
Serás sempre um Barão assinalado,
Daqueles que Camões então cantou,
E assim, da lei da morte libertado.

Cantaremos o Hino Nacional,
Como quem reza a Deus uma oração,
Toda respeito e preito de gratidão,
Germe da alma lusa, o testemunho.
É aqui que se celebra Portugal !
É aqui, e só aqui, o Dez de Junho !


V.C. (O Poeta de Fornos de Algodres)
Lisboa, 10 de Junho de 2007

Fonte: Blogue "Do Miradouro" - post de 28Mai2007 in Blogue "Do Mirante" - post de 09Jun2008

Portugal, diz Presente!!! - 10 DE JUNHO

Dez de Junho é dia de Portugal.
É dia de Camões, Heróis e Santos
E de Bravos, Audazes e Valentes
- Negros, mestiços ou brancos –
É dia de Orgulho Nacional.

É pois o dia dos Combatentes,
Que na mata ou na picada escaldante,
Cumprindo o seu dever exemplarmente,
Igualaram a epopeia do Infante
Com desvelado amor à Pátria Mãe,
Por quem deram a juventude e o sangue quente
Quando não, em holocausto, a própria vida.

E por isso esta homenagem tão sentida
Que por vossa Honra e Glória aqui nos tem
- Num misto de respeito e emoção –
Pelo exemplo que vós sois em carne viva
Da Raça que fez grande esta Nação.

Se a memória do passado o consente,
Levanta-te Portugal e diz
PRESENTE !!

J. M. Viçoso Caetano
Poeta de Fornos de Algodres
Ex-Oficial Miliciano

Fonte: Blogue "Do Mirante" -post de 09Jun2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

MAIS UM ADEUS - À memória de Carlos Eduardo de Soveral

À memória de Carlos Eduardo de Soveral

Mais uma cruz no meu caminho.
Agora, a tua Poeta e Pensador.
Partes sozinho,
para o mais Alto e o Maior.

Folheaste, ciente, páginas da Existência
Com estudos profundos,
Onde é semente e flor a Inteligência
Dos cérebros fecundos.

Português,
Como os que o são,
Ouvi-te muita vez
Exaltar-nos a Alma e o Coração.

O Erudito, o Mestre, o Esteta,
Souberam bem gerir o seu talento.
Apenas o Poeta
Se ficou quase oculto, mas atento.

Carlos Eduardo:
Com que saudade aceno a despedida,
Daqui, onde inda sou e ardo
No fogo a esmaicer da vida!

E tardo,
Por não ser como tu,
Tão ágil na subida.


08.08.2007
(Inédito)
António Manuel Couto Viana

Fonte: Blogue "MANLIUS" - post de José Carlos em 06/06/08

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sensación de regreso

¡Madre, madre, aquí estoy. Cuando la suerte quiso,
como bohemio errante dejé tu paraíso
y fui de gente en gente
y fui de Corte en Corte;
de los soles de Oriente a las brumas del Norte;
pero ni el sol ni el hielo
de ti me tuvo ausente;
el azul de unos ojos me hablaba de tu cielo,
lo diáfano de un verso evocaba tu ambiente
y en el más crudo invierno, un soplo de fragancia,
aromas de tus campos me trajo a la distancia.

Hoy, enfermo y cansado, temí que mis despojos,
con las manos cruzadas y cerrados los ojos,
llegaran hasta ti; por eso vine antes,
para mirar de nuevo tus estrellas radiantes.
Cual si fuese un fantasma, ya mi sombra se aúna
a la de los sabinos del bosque milenario en las
noches de luna.

Ayer no estuve ausente; hoy, qué importa que muera.
Sobre tus verdes campos una estación impera:
invierno, otoño, estío, aquí son primavera.
Arrópenme con tierra tus manos amorosas,
el rictus de mi boca han de borrar tus besos,
la savia de mi carne y el polvo de mis huesos
renacerán en rosas.

Madre, madre, no llores. Si mi cuerpo sepultas
y ves brotar zarzales, será, ¿no lo adivinas?
que mis penas ocultas
renacen en espinas;
pero también en flores.
Madre, madre, no llores:
símbolo de mi vida
será mi corazón una zarza florida

Fonte: Blogue "Poemas del Alma"

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Con te partirò

Não me digam que nestas vozes. nestas expressões de carinho, nestes corpos esbeltos, na letra desta música não se ilumina perante nós a face de DEUS!?
Rui Moio



Con te partirò

con te partirò
paesi che non ho mai
veduto e vissuto con te
adesso sì li vivrò
con te partirò
su navi per mari
che io lo so
no no non esistono più
con te io li vivrò

quando sei lontana
sogno all'orizzonte
e mancan le parole
e io sì lo so che sei con me, con me
tu mia luna tu sei qui con me
mio sole tu sei qui con me, con me, con me, con me

Quando sono solo
sogno all'orizzonte
e mancan le parole
sì lo so che non c'è luce
in una stanza quando manca il sole
se non ci sei tu con me, con me

su le finestre
mostra a tutti il mio cuore
che hai acceso
chiudi dentro me
la luce che
hai incontrato per strada

Autores: Francesco Sartori e Lucio Quarantoto, 1995.

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